Jenna Coleman é destaque da recente edição da revista Stella
07.04.2019
postado por JCBR
Jenna Coleman estampa a nova edição da revista Stella que traz uma longa entrevista com a atriz que fala sobre Victoria, seu passado e seu recente projeto All My Sons.

A revista também conta com uma sessão de fotos realizada pelo fotógrafo Simon Emmett, e pode ser conferida clicando nas miniaturas logo abaixo:

Leia a tradução da entrevista:

Não é de surpreender – após interpretá-la passando por sete filhos, três primeiros ministros, uma guerra, uma fome, um surto de cólera, uma tentativa de assassinato e uma coroação – que ocasionalmente, enquanto Jenna Coleman, lida com a vida moderna, ela se pega pensando: O que a rainha Victoria faria?

“Eu realmente penso. Ela era muito interessada nos negócios de todos. Quando ela era jovem, ela mantinha um diário sabendo que seria lido, e alguns dos registros eram simplesmente: “Acordei às nove, jantar sozinha”, diz a mulher de 32 anos, escorregando do seu leve sotaque de Lancashire para os tons profundos e régios que ela adota quando interpreta a personagem-título de Victoria da ITV. “Mas ela contatou a polícia sobre Jack, o Estripador, perguntando se eles consideraram isso ou pensaram sobre isso. E ela escreveu para o Elephant Man [John Merrick] todo ano. Então, suponho que se ela estivesse por perto agora…

Ela postaria seu café da manhã em seu Instagram e ficaria no Twitter? #NãoEstamosAchandoGraça? “Sim! Eu me pergunto isso. Ela era uma senhora das cartas e acredito que ela nunca teve uma natureza particularmente reservada.”

Jenna e eu nos encontramos nos bastidores do Old Vic, no final de um longo dia de ensaios para All My Sons, o drama de Arthur Miller no qual ela logo aparecerá ao lado de Sally Field e Bill Pullman. As oito semanas seguidas faz com que ela trabalhe em Londres pelo período mais longo de sua carreira, então ela ficará parada por um tempo, indo de metrô e se mantendo saudável.

“Quando você faz o papel de rainha Victoria, não é preciso manter-se em forma… E se exercitar com essas horas [normalmente 14 horas por dia] é impossível de qualquer maneira. Eu dancei durante a maior parte da minha formação, então eu mantenho a ioga e o barre, e mantenho meu sistema imunológico saudável”, diz ela. Eu noto o suco verde que ela está tomando. “Eu tive febre glandular enquanto filmava a primeira temporada de Victoria, então eu tenho me educado sobre o que coloco no meu corpo.”

All My Sons é uma peça que ela está muito animada – a primeira desde os 18 anos em Edinburgh Fringe – mas ela pode ser perdoada por ter a rainha Victoria em mente. Afinal, ela vai para casa todas as noites para o príncipe Albert: Jenna está em um relacionamento com Tom Hughes, o ator que interpreta o consorte alemão de Victoria, desde 2016.

Eles se tornaram amigos quatro anos antes, quando filmaram o drama da BBC, Dancing on the Edge. Na época, ela estava namorando Richard Madden, que cativou os telespectadores no sucesso televisivo do ano passado, enquanto Tom estava com a atriz do W1A, Ophelia Lovibond. Depois de se encontrarem novamente quando foram escalados como protagonistas de Victoria, Jenna e Tom dividiram uma casa no norte de Londres desde o outono de 2017, e passaram boa parte do ano passado fazendo isso.

“É meio que diferente”, ela diz sobre a casa. “Sou grande fã de um padrão, veludos e texturas, muitos tecidos vintage… Está quase pronto, meu pai veio e ajudou.”

Então, ela já vai para casa a caráter? “Não, eu definitivamente não vou para casa e faço a rainha Victoria, quero deixar isso claro”, ela diz, rindo. “Mas realmente gosto da companhia dela, se isso faz sentido. Há uma adorável familiaridade e conhecê-los como um casal tem sido uma verdadeira alegria.”

Tom, que nasceu 10 dias antes de Jenna e foi criado em Cheshire, o condado vizinho ao dela, pode ser mais difícil de se conviver se ele permanecer no personagem como o príncipe Albert. Tem o sotaque alemão, por um lado. Ele não mantém isso enquanto trabalha em volta da casa, não é? “Não”, ela diz, aparentemente horrorizada. “Não não.”

Empoleirada em um sofá, Jenna insiste que está “um pouco atordoada” por estar em uma sala de ensaios o dia todo, mas não parece. Seus olhos de cor de noz estão alertas e bem abertos, e até mesmo suas roupas de ensaio estão na moda: um top preto, óculos de aro quadrado pendurados no pescoço, um casaco cinza Blazé Milano, calças de listras largas e coturnos Nanette. Ela também pede desculpas por ser ruim em entrevistas, mas depois se mostra brilhante, engraçada e pensativa.

All My Sons vê Jenna não só voltar ao palco depois de várias longas séries de TV – entre elas quatro anos em Emmerdale, cinco como companion em Doctor Who, três e contando com Victoria, e no ano passado o drama da BBC, The Cry – mas também dar um passo para o lado, aparecendo em um papel de apoio total. Ela diz que é “como aprender a andar de novo”.

A peça se passa nos subúrbios de Ohio em 1947 e conta a história de um empresário de sucesso e sua esposa, que perderam um de seus dois filhos, Larry, na guerra. Quando a ex-noiva de Larry, Ann (interpretada por Jenna), aparece, as coisas ficam um pouco complicadas. “É muito tradicional, apenas zonear nesta casa e na devastação pós-guerra. É sobre sobrevivência, basicamente”, diz Jenna, alegremente.

Além de aperfeiçoar um sotaque de Ohio, ela mergulhou na música da época e pesquisou cartazes de propaganda destinados a mulheres. “Eles são sobre como as mulheres trabalharam na guerra, mas “agora seja uma boa esposa e faça um café para seu marido”. Eu não podia acreditar.” Trabalhar com a vencedora de dois Oscars, cujos filmes Jenna cresceu assistindo, provou ser ainda melhor do que ela esperava. “Deus, ela é fabulosa. Ela viveu essa vida, mas não tem ego na sala de ensaios”, diz Jenna.

Jenna nasceu e cresceu em Blackpool, um lugar que ela ama agora, mas “não podia esperar para sair” quando era adolescente. Seu avô de 80 anos tem administrado uma barraca no calçadão desde os 21 anos, e ela planeja escrever algo sobre ele – se ele permitir. Sua mãe, Karen, era uma mãe em tempo integral que passava as noites levando Jenna para dançar e ensaios de teatro. Seu pai, Keith, tem uma empresa que instala bares e restaurantes, e seu irmão mais velho, Ben, é gerente de uma obra.

Jenna começou a atuar aos 11 anos, interpretando Aurora, a dama de honra, no musical Summer Holiday, mas também se destacou academicamente. Aluna nota 10, ela era representante de escola da Arnold School – uma escola independente – mas recusou um lugar para estudar inglês em York e ganhou um papel em Emmerdale aos 18 anos. “Meus pais eram incrivelmente descontraídos. Eu estava constantemente ensaiando e eles não me diziam para sentar e fazer o meu dever de casa”, diz Jenna.

Sua personagem em Emmerdale teve alguns anos inebriantes: um romance gay (as pessoas gritavam “lésbica!” para Jenna na rua), tornando-se jornalista investigativa, depois espancando um policial até a morte com uma perna enquanto ele tentava estuprá-la, e despejando seu corpo em um lago. “Começando com essa série foi sufocante. Eu seria mais reconhecida por qualquer outra série que fiz, e lembro de ter pensado: não fiz nada. Eu não treinei, não fui para universidade, não fui para a escola de teatro. Eu estava tão desconfortável com isso”, diz ela.

Deixando Emmerdale depois de quatro anos, Jenna mudou-se para Londres brevemente, assumindo turnos de pub e iniciando um curso da Open University em inglês, antes de ir para a Califórnia, onde passou algumas semanas dirigindo e vendo o que vinha das audições. “Fiz o teste para partes ridículas como uma mãe de 45 anos de idade. Eu me preparava para as audições ouvindo fitas de sotaque no carro e tinha mudanças de roupas no porta-malas. Eu amei.”

Ela teve uma experiência ruim na Califórnia, quando foi convidada para uma audição de biquíni. “Ridículo, não é? Espero que isso não aconteça em 2019”, diz ela. Felizmente é o mais próximo que ela chegou do tipo de comportamento que o #MeToo e Time’s Up abordaram, bem diferente em “trabalhar com verdadeiros campeões em Doctor Who como Matt [Smith] e Peter [Capaldi]” assim como a escritora de Victoria, Daisy Goodwin.

“Essas campanhas, espero, erradicaram o medo de fazer um escândalo”, diz ela. Ela percebeu algumas mudanças na indústria, como trabalhar com mais produtoras e gosta da ideia de “coordenadores de intimidade” no set para cenas amorosas – embora “não precise de uma em Victoria”. Suponho que não seja exatamente atrevido, mas filmar com seu parceiro fora da tela deve ajudar.

A terceira temporada de Victoria cobre os anos de 1848 a 1851. A Europa está um caos, há crescente agitação na Grã-Bretanha, o povo está cansado de políticos, e a família real tem um recém-chegado do exterior que quer modernizar as coisas. Tempos verdadeiramente diferentes. A única constante: Victoria continua tendo filhos.

“Temos sete até o final desta temporada, então temos mais dois para vir [ela teve quatro meninos e cinco meninas entre 1840 e 1857], e eu acho que o alívio da dor não foi inventado até o oitavo”, diz Jenna. “Ela tinha apenas 1,52 de altura, então Deus sabe o que ela fez fisicamente.”

Jenna, de 1,57 de altura, descreve o set como “uma creche com câmeras”, já que as crianças mais novas são interpretadas por dois pares de gêmeos (para diminuir sua carga de trabalho), e suas mães fazem o mesmo como babá em Victoria. As filmagens começaram em Yorkshire em maio, um dia depois que ela terminou The Cry, no qual ela interpretou uma mulher cujo bebê foi sequestrado. Quando ela começou, ela disse que se sentia “completamente errada”, não tendo filhos, enviou emails a amigos com bebês para obter informações.

Nunca teve a mesma ansiedade em Victoria. “Eu amo interpretá-la grávida. Ela é mais volátil, e é tão irritada”, diz ela. Mas a barriga “muda a maneira como você anda. Ela faz você bambolear.” Parece que Jenna não está prestes a seguir os passos de Victoria: ela disse recentemente que quer “ver mais do mundo” antes de ter filhos.

Jenna educadamente se recusa a comentar sobre a atual família real, talvez desconfiada de manchetes antigas que a ligam ao príncipe Harry (eles eram apenas amigos, essa é a versão oficial), mas diz: “As pessoas não podem acreditar em como essas coisas são tão próximas que a história continua ecoando.”

Seus 20 anos foram “só trabalho”, com 10 meses em Doctor Who que Matt Smith – ainda um bom amigo, assim como sua namorada, Lily James – avisou que seria como “saltar em um trem de carga”. Ela não estava particularmente confiante na época, mas esperava que isso mudasse. “Eu cheguei aos 30 anos e estava tipo, OK, eu deveria saber o que estou fazendo agora, mas talvez isso não aconteça. É só agora que me sinto um pouco mais confortável em quem eu sou”, diz ela.

A fama nem sempre foi fácil, mas não a afastou das mídias sociais. Jenna publica desde os habituais lugares de celebridades, como desfiles de moda da Dior e praias glamourosas – o último feriado foi no México em janeiro. “É uma coisa estranha, estou no Instagram e no Twitter, mas eu meio que sinto falta dos velhos tempos de quando você ia ao teatro e não sabia nada sobre a pessoa que você está assistindo.”

Eu conto a ela sobre as contas de fãs dedicadas a ela. No Twitter, @bestofhughesman é dedicada ao “nosso casal da telinha on/off favorito”. Ela cora. ““Hughesman”… Interessante.”

Atualmente, ela está decidindo o que fazer com o resto do ano e pode ir a Los Angeles para “reuniões”. Ver Olivia Colman, que era atriz de televisão por 20 e 30 anos, ganhou o maior reconhecimento de Hollywood por interpretar uma rainha diferente, ainda mais rabugenta, foi inspiradora. “Eu realmente chorei. Em The Favorite ela tem tanta vida em seus olhos, e apenas em um nível humano, eu a achei muito comovente.”

Colman é um nome – junto com Helena Bonham Carter, Emily Watson e Imelda Staunton – que Jenna recentemente sugeriu como potencial substituta para ela em Victoria, caso a série se estenda para outro período da vida da rainha Victoria, como tem sido em The Crown.

“Eu amo The Crown. Acho que é muito inteligente como cada episódio é algo individual”, diz ela. “Estamos conversando sobre o que fazer [sobre Victoria]. A menos que eu fizesse uma temporada pelos próximos 65 anos da minha vida, nós quase temos todo o material. Acho que seria trabalho garantido.Talvez?”