Permita-me apresentar a “garota impossível”. Ela visitou centenas de galáxias com o Senhor do Tempo e governou o Império Britânico, lidou com duques e Daleks (deixarei você decidir qual o pior), mas atualmente a coisa mais impossível que ela está enfrentando é tentar encontrar um lugar para falar comigo por telefone sem que as pessoas ao seu redor atrapalhem. “Desculpa!” ela ri quando finalmente nos conectamos. “Você acabou de me ligar enquanto eu estava no carro com o meu motorista e eu sabia que ele riria de tudo que eu disser.”
Claro, a garota em questão é Jenna Coleman, que ganhou esse apelido de seu papel como a companheira do 13º Doutor na amada série da BBC, Doctor Who. Acompanhando Matt Smith e o Doutor de Peter Capaldi, Jenna ganhou fama como Clara Oswald, a espirituosa professora com a habilidade de encantar alienígenas em vários universos.
A chance de escapar para um mundo diferente sempre atraiu Jenna e explorar realidades alternativas é o que primeiro a fez querer entrar em ação. “Lembro de ler Enid Blynton e muitos livros e seus mundos se tornando muito vívidos na minha cabeça”, lembra ela. “Eu me lembro de ser muito, muito jovem e, por alguma razão, sempre me senti muito simples. Atuar foi sempre o que eu queria fazer, era mais o ‘como’ que sempre era a coisa mais complicada.”
Colocando a mão na massa para fazer o ‘como’ acontecer, Jenna conseguiu seu primeiro papel em Emmerdale em 2005, antes de conseguir o cobiçado papel de companion em 2012. Entrar em um fandom tão popular foi inicialmente bastante intimidador, mas, desde então, Jenna estabeleceu um legado como um dos parceiros mais amados do Doutor (desculpa, Martha). “Eu nunca tinha feito nada onde você é a única peça nova em uma máquina muito lubrificada”, explica ela. “É como se você fosse literalmente a única novata por conta própria, o que é uma coisa muito estranha. Você meio que tem que subir em um trem que já está a toda velocidade.”
Encerrando sua última temporada como Clara, Jenna foi direto para outro mundo. Desta vez: a Inglaterra vitoriana. Assumindo o papel de protagonista como rainha Victoria na aclamada série da ITV, Victoria, foi um pouco de uma adaptação de um parceiro de combate do Cyberman. “Eu tive três semanas para me preparar, então foi realmente muito difícil”, lembra ela. “E havia muito material de pesquisa!”
Fazendo o seu dever de casa, Jenna mergulhou nos diários da Queen Vic para tentar entrar na mentalidade de uma jovem encarregada de governar um império inteiro. “Há tantas coisas que as pessoas pensam que sabem sobre ela”, ela me diz. “Você tem os diários, você tem as biografias históricas. Você está interpretando alguém que todos nós pensamos que conhecemos tão bem e nós sabemos que é tão característico dos quadros e história. Só estou tentando realmente fazer isso e trazê-la à vida – realmente descascar as camadas e conhecê-la. Foi um desafio, mas eu também amo isso”. Ela ri. “Eu não achei que gostasse dela no começo! Eu a amo, mas nem sempre gosto dela. O que é incrível é que agora já estamos há algumas temporadas, posso continuar voltando e lendo seus diários. Sinto que continuo a captando cada vez mais e ela é um pouco mais companheira agora.”
Atualmente indo para sua terceira temporada, o breve intervalo de Jenna de retomar as filmagens de Victoria não foi tão relaxante quanto se poderia esperar. Indo para a Austrália em fevereiro, em vez de ter algum tempo bem merecido nas praias ensolaradas, ela entrou direto em seu papel ainda mais desafiador.
Estrelando no thriller psicológico da BBC, The Cry , Jenna interpreta o papel principal de Joanna, uma jovem mãe que viaja para a Austrália com seu filho recém-nascido e um marido levemente detestável para lutar pela custódia da filha dele. Uma vez que eles desembarcaram, tudo parece estar indo bem quando de repente sua vida é jogada para a desordem depois que seu filho desaparece. Baseado no livro de Helen Fitzgerald com o mesmo nome, se você assistiu ao trailer, você saberá que está destinada a ser uma daquelas séries que o deixarão colado na tela da sua televisão, mal respirando, com várias reviravoltas que te deixará sem palavras.
Gravando em Oz e Glasgow, está prevista para estrear no final de setembro, preenchendo o vazio em nossas vidas que foi inevitavelmente deixado por Bodyguard. Um processo de gravação muito difícil, a minissérie é gravada em tempos diferentes – um quando o bebê desaparece e outro nos dias de hoje em um julgamento, embora ‘para quê?’ seja uma pergunta que eu ainda estou para entender a resposta. “Nós continuamos chamando de ‘indo para o vórtice’ porque você está gravando todas essas linhas de tempo e obviamente é um thriller psicológico, então há alguns aspectos do que você pode dar e quando.” Jenna explica. “Há uma certa versão que meio que mantém todo mundo à uma distância, então você não está dando muito de uma vez.” Ela faz uma pausa. “Isso tudo fará sentido quando você assistir, mas, ai meu Deus, em termos de atuar, foi o trabalho mais complicado narrativamente que já fiz.”
Não só as linhas de tempo eram difíceis de entender no começo, mas Jenna também achou seu papel muito difícil. “Eu tive problemas reais de interpretar uma mãe com problemas, tipo, isso seria fundamentalmente algo que eu talvez não seria capaz de fazer jus, porque eu não sou mãe”, ela revela. “Foi extremamente desafiador. Mas para ser honesta, muitas das minhas amigas tem bebês e algumas delas me enviaram os e-mails mais incríveis. Eu falei com elas e obtive detalhes realmente incríveis e honestos sobre a realidade de ser uma nova mãe. É a coisa mais linda do mundo, mas só porque é tão bonita, não significa que vem sem questionamentos sobre sua própria identidade e solidão. Acho que foi uma maneira muito interessante de explorar a depressão pós-parto de uma forma que eu não sinto que eu realmente tenha visto muito na tela.”
Sua representação de uma mãe é, às vezes, difícil de assistir. No primeiro episódio, ela está no voo de 24 horas para a Austrália, bebê gritando em seus braços, marido dormindo, recebendo olhares desaprovadores de outros passageiros enquanto ela freneticamente tenta acalmar seu filho. É um momento que eu tenho certeza que muitos fizeram parte, eu sei que eu revirei meus olhos para crianças chorando em vôos antes, e é esse o aspecto que The Cry quer explorar. “Há várias questões”, Jenna reflete. “Questiona nossa sociedade sobre as pressões em cima das novas mães. Mas também a pressão da mídia e como a mídia pode criar uma versão da verdade”.
O último é em resposta ao aspecto “whodunnit” [“quem é o culpado?”] da série, a reviravolta que leva você a pensar que talvez o bebê não tenha desaparecido. “Eu acho que é engraçado passar por uma das experiências emocionantes mais extremas da sua vida ao mesmo tempo que estar sob essa investigação da mídia”, detalha Jenna. “Essas duas coisas coincidindo e acontecendo ao mesmo tempo são realmente um ângulo interessante de se olhar psicologicamente. E uma história interessante para contar.”
“Quem você acha que fez isso?” Ela pergunta, me incentivando a formular as várias teorias que estão rondando em minha mente. É óbvio demais ser a ex-mulher? Ou que tal a jovem mãe em apuros? Talvez seja a filha do marido que está secretamente com ciúmes de seu pai seguir em frente e criar uma nova vida? Talvez seja outra pessoa completamente diferente? Ou alguma coisa? “Por isso que eu senti vontade de ler!” Ela ri. “Eu senti que não sabia bem o que estava acontecendo. Ele [livro] estava me levando em direções diferentes e eu continuei virando a página!”
O que não está em debate, no entanto, é o fato de que Jenna é de tirar o fôlego na minissérie e sua representação é certa para levá-la a ser ainda mais aclamada pela crítica. Para a “garota impossível”, parece que ela pode fazer qualquer coisa.